23/11/12

quem sabe...

Gozaram com a minha inocência. Concordo que não é a melhor maneira de começar um texto. Mas a verdade é que eu tive a olhar para a tela do computador por uns belos trinta minutos e não consegui escrever nem uma palavra que transmitisse aquilo que eu quero realmente. Eu vou ser desbocada. Vou, porque quero, posso e tem que ser. Tem mesmo que ser. Perguntaram-me qual foi a pior coisa que me fizeram até hoje. E querem saber com que cara-de-pau é que eu fiquei a olhar para a pessoa? Nem eu sei. A única coisa que me lembro de sentir foi a minha cara a ficar de todas as cores possíveis e imaginárias e nos meus olhos passarem infinitos episódios da minha vida que eu poderia ter como "a pior coisa que me fizeram até hoje". Mas a resposta é só uma: por mais que eu procure algo menos doloroso, menos vergonhoso, menos forte. Por mais que eu queira mentir, e por mais que eu queira esconder que alguém algum dia pode fazer isso comigo, eu não posso. Gozaram com a minha inocência, essa foi a pior coisa que me fizeram até hoje. Roubar-me os sonhos, as crenças, o caminho, a verdade, o mundo. Sabem quando acreditamos piamente em algo ou alguém e de repente temos uma desilusão direta sem piedade? Como se alguém nos tivesse habituado a andar de venda preta e de repente nos roubasse esse suporte e nos apontasse com a luz mais forte do mundo para os olhos? É, é basicamente isso. Depois de tanto tempo a acreditar na verdade que nós construímos, na paisagem que queremos ver, alguém nos mostrar sem qualquer margem de erro que a realidade é tudo menos aquilo que nós sonhávamos e vivíamos. É dose. É dose e é preciso ter pulso forte e alma imortal para aguentar. Para voltar a dar chances. Para voltar a olhar nos olhos. Para voltar a sentir de corpo e alma. Para voltar a tocar . Para voltar a sorrir. 
Por mais que eu diga que não desacreditei das coisas. Eu desacreditei sim. Das pessoas, e das suas boas intenções. Da cor do olho. Do cheiro da pele. Da expressão dos lábios. Da voz trémula. Desacreditei das noites de luar. Das estrelas cadentes. Do som do mar. Desacreditei das frases feitas. Dos sorrisos entre os beijos. Dos dedos entrelaçados. Dos abraços inesperados. Mas nunca, em momento algum, eu desacreditei do Amor. Na veracidade, na existência. Por mais que tenha consciência que esteja em vias de extinção e  esteja dado como desaparecido para metade do Mundo, eu sei que ele existe. E talvez eu o encontre por aí, ao virar duma esquina a ouvir Robert Pattinson, ou a apertar o cordão no meio da rua enquanto a chuva cai. Ou então quem sabe, talvez eu o encontre no aconchego de dois braços que hoje me protegem. Ou num sussurro no meu ouvido que hoje me faz dançar. Ou talvez também eu o possa encontrar nos meus olhos fechados enquanto alguém me beija a testa.
Esta foi a pior coisa que me fizeram até hoje, dar-me o medo sem eu o pedir. Mas esqueceram-se que não é por me destruírem um mundo que eu vou não vou ter forças e quem me ajude para construir outro, quem sabe mais forte, mais lindo, mais puro, mais AMOR. Quem sabe...
Obrigada a ti que me estás a fazer acreditar de novo. E obrigada a ti que me mostraste que somos sempre capazes de ter melhor, basta querermos.


e hoje, já te disse que sou?  

com todo o meu coração , bé


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