“Se o mundo acabar…
Faz algum tempo que eu não acredito tanto no amor, que eu
tenho achado que tudo isso é bobagem de livros e filmes. Eu passei a preferir
mistério, ficção científica e suspense ao invés dos romances de Nicholas
Sparks. Ultimamente tenho acreditado mais no improvável fim do mundo do que no
próprio amor. E acho que eu não saberia te explicar o porquê disso. Coisa da
vida, simplesmente. Mas acho que é exatamente esse fato que me fez começar a
escrever isso agora. Mesmo tentando desacreditar do amor, desiludir de
histórias improváveis e cair um pouco mais na real, eu sei que no fundo existem
algumas coisas que pulsam dentro de mim. O fim do mundo é um suspense, e, como
eu disse há pouco, tenho preferido esse gênero. E é justamente em respeito à
minha preferência por mistérios, que eu escrevo aqui sobre você. Porque apesar
de tudo, se o mundo acabar, têm algumas coisas que eu gostaria que você
soubesse, por prevenção. Eu sonhei, juro. Sonhei muito, até mais alto do que eu podia, e foi isso que me fez
tão firme em relação a nós dois. Eu passei noites em claro pensando em como
fazer que o meu amor se tornasse o nosso amor. Passei dias forçando um sorriso
enquanto por trás dele existiam dúvidas que você espalhava no meu caminho, me
torturando. Esperei madrugadas passarem pra ver se alguma resposta chegava
depois do pôr-do-sol. Mas a única coisa que vinha era o cansaço, físico e
mental. Mas não é isso que eu quero dizer. O que eu queria realmente que você
soubesse é que mesmo depois de tudo isso, eu continuo achando que o que eu
senti por você valeu a pena, que seus erros e os meus me fizeram aprender
muito, e que a proximidade que eu consegui atingir entre nós dois me fez bem,
pelo menos por um tempo. Queria deixar claro que até mesmo aqueles sorrisos que
surgiram por detalhes inventados, como uma cruzada nossa de olhar, um riso teu
ou uma indireta nada a ver, valeram a pena também. Eu queria te agradecer por
tudo, e te dizer que você não tem culpa de nada. Se eu sofri, foi culpa minha.
Afinal, o sentimento era meu. Porém existe uma coisa que eu não perdoaria
nunca, e se você estiver lendo isso agora, queria que te sensibilizasse: as
palavras não ditas. Se teve algo que você sentiu e não foi capaz de dizer, eu
não te perdoaria. Se houve alguma coisa entalada na sua garganta esse tempo
todo e você nunca deixou escapar, eu não te perdoaria. Não te perdoaria
nunca se eu soubesse que a gente poderia ter sido mais do que a gente foi. Se o mundo realmente
acabar, é bom que saiba que o meu desejo do último segundo era poder estar
segurando a tua mão, envolvido no teu abraço, ou sentindo um beijo teu. É bom
que saiba que eu sinto muito por não ter ido além do que foi, mas que ainda
assim pra mim pareceu infinito. Se o mundo acabar, eu quero que saiba de uma
última coisa: eu te amei mesmo quando preferi um suspense (afinal você sempre
foi um). Eu te amei mesmo quando preferi um mistério (afinal você sempre foi
um). Eu te amei mesmo quando preferi acreditar em ficção científica (acreditei
em coisas piores vindas de você).”
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